GIRO DA NOTÍCIA

METADE DO BRASIL NÃO TEM SANEAMENTO BÁSICO ADEQUADO DIZ PESQUISA.

#Pesquisa diz que país precisa investir R$ 149,5 bilhões em coleta e tratamento.


Enquanto o governo vem colecionando deficits fiscais crescentes nas contas públicas para acomodar as despesas obrigatórias que crescem em ritmo acima da inflação, incluindo gasto com pessoal e com a Previdência, os investimentos caem vertiginosamente. Uma das maiores vítimas é o saneamento, fundamental para a qualidade de vida nas cidades e para a saúde dos brasileiros.

A população urbana deverá passar dos atuais 168,4 milhões para 204,8 milhões de pessoas em 2035. Estudo feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) e divulgado ontem, o Atlas Esgotos, revela que o país precisará investir nada menos que R$ 149,5 bilhões em coleta e tratamento nesse período.

De acordo com o Atlas da ANA, esse montante é o necessário para universalizar os serviços de esgotamento sanitário nas 5.570 cidades brasileiras até 2035. De acordo com dados do Ministério das Cidades, os investimentos na área do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram de R$ 510 milhões em 2016 e, no acumulado deste ano até junho, atingiram apenas R$ 87 milhões, volume 83% menor ao realizado em todo o ano passado.

A tendência é que, em 2018, o investimento continue baixo, pois o Orçamento prevê apenas R$ 1,9 bilhão para o PAC. Segundo a pasta, a previsão orçamentária para obras de saneamento básico no próximo ano soma R$ 860 milhões, valor abaixo do empenhado para este ano pelo Ministério do Planejamento, de R$ 901 milhões. A expectativa do órgão é de que esse valor seja revisto com a mudança da meta fiscal. Atualmente, 86 projetos estão parados e outros 57 sequer foram iniciados.

Um dos coordenadores do Atlas, Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA, destaca que o diagnóstico feito pela agência reflete a queda dos investimentos em saneamento no país nos últimos anos. O estudo mapeia o investimento necessário em cada município e faz recomendações para ações conjuntas em que haja compartilhamento dos recursos hídricos.

O Atlas revela que 70% dos 5.570 municípios brasileiros têm remoção de, no máximo, 30% do esgoto gerado e em apenas 31 das 100 cidades mais populosas isso fica acima de 60%. Existem 816 municípios com 10,7 milhões de pessoas sem qualquer serviço de coleta e de tratamento.

Para Soares, o Altas poderá ser uma ferramenta para o desenvolvimento de políticas públicas dos governantes atuais e dos próximos. Especialistas ouvidos são unânimes em reconhecer a importância do tratamento de esgoto nas cidades porque, quando os dejetos são despejados diretamente nos rios, se gasta muito mais com tratamento para que a água se torne potável novamente.

Saneamento é questão de saúde, alerta o infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) do Distrito Federal, Julival Ribeiro. “O problema do saneamento basico no Brasil é cronico”, afirma. Não à toa, o especialista ressalta que várias pesquisas mostram que, nas cidades com baixo índice de coleta e de tratamento de esgoto, há maior incidência de doenças como febre tifoide, cólera, hepatite A, leptospirose, diarreia infecciosa, parasitoses, entre outras. “Ainda há muitas mortes no mundo por falta de água potável”, destaca. A capacidade de reservatórios também fica comprometida com a falta de saneamento. Esse quadro pode se agravar em períodos de estiagem longa, como a que ocorre atualmente em Brasília.
Metade do Brasil não possui saneamento básico adequado

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