FRUTAS TIPICAS DO BRASIL POSSUEM SUBSTÂNCIAS ANTIOXIDANTE E ANTI-INFLAMATÓRIA.
#Pesquisa identificou vários compostos fenólicos, incluindo os flavonoides, catequina, epicatequina, rutina, quercetina glicosilada, kaempeferol glicosilado, quercetina, procianidina B1 e procianidina B2.
"O Brasil possui condições climáticas adequadas para o desenvolvimento de um grande número de frutas nativas. Essa biodiversidade tem se tornado um caminho promissor para a descoberta de novos compostos bioativos capazes de ser utilizados na formulação de alimentos funcionais e medicamentos", comenta engenheira de alimentos Jackeline Cintra Soares, principal autora da pesquisa.
Segundo a cientista da Esalq, os compostos fenólicos apresentam ações específicas, podendo atuar como antioxidantes e anti-inflamatórios, prevenindo doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e o diabetes. "Nosso objetivo foi avaliar a capacidade desativadora de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, atividade anti-inflamatória in vitro e in vivo e a composição fenólica. A técnica utilizada foi a espectrometria de massas de alta resolução, realizada em 10 frutas nativas brasileiras", afirma Jackeline.
Foram analisadas os seguintes frutos: araçá-boi (Eugenia stipitata); cambuití-cipó (Sagerectia elegans); murici vermelho (Bysonima arthropoda); murici guassú (Byrsonima lancifolia); morango silvestre (Rubus rosaefolius); cambuci (Campomanesia phaea); jaracatiá-mamão (Jacaratia spinosa); juquirioba (Solanum alterno-pinatum); fruta-do-sabiá (Acnistus arborescens); e cajá (Spondias mombin L.). As amostras foram coletadas num sítio localizado na cidade de Campina do Monte Alegre (SP), exceto o cajá, que foi coletado em Montes Claros de Goiás (GO).
A pesquisa identificou vários compostos fenólicos, incluindo os flavonoides (ajudama dar cor às frutas) catequina, epicatequina, rutina, quercetina glicosilada, kaempeferol glicosilado, quercetina, procianidina B1 e procianidina B2. Das frutas analisadas, o araçá-boi, o cambuití-cipó, o murici vermelho, o morango silvestre e o cajá foram as que apresentaram as maiores atividades antioxidantes e/ou anti-inflamatórias, com a presença de 18 compostos no araçá-boi; 32 no cambuití- cipó; 26 no murici vermelho; e 20 compostos no morango silvestre; e 11 no cajá.
Nas frutas cambuití-cipó, murici vermelho e morango silvestre também foi possível a identificação e quantificação de antocianinas, sendo que no cambuití-cipó foi identificada a kuromanina e a mirtilina. Já para o murici vermelho e o morango silvestre, somente a kuromanina foi encontrada. "Esta é a primeira vez que se relata a presença destas antocianinas no cambuití-cipó e murici vermelho. Portanto, as frutas nativas estudadas apresentam compostos bioativos com atividades antioxidante e anti-inflamatória e, quando consumidas regulamente como alimentos funcionais, poderiam ajudar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis", esclarece a engenheira de alimentos da USP.
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) publicado em 2017 recomenda um mínimo de 400 gr de frutas e vegetais por dia (excluindo batatas e outros tubérculos) para a prevenção de doenças crônicas, como doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade, especialmente em países menos desenvolvidos.
Para Jackeline Soares, "existe a necessidade de se buscar novos alimentos que, além de nutrir, apresentem atividades biológicas que possam inibir ou amenizar danos oxidativos relacionados a processos inflamatórios, limitando assim a progressão de certas doenças de origem metabólica e degenerativas prevalentes, principalmente quando se considera que estamos em um país detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta".
Frutas do Brasil possuem susbtâncias ricas para o fortalescimento do organismo |
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