TRUMP ESCOLHE À ARGENTINA AO INVÉS DO BRASIL PARA REPRESENTAR OS LATINOS NO OCEDE.
#Brasil foi desbancado pela Argentina devido a aprovação das reformas tributárias no país vizinho e a incerteza política nacional.
Nos últimos seis meses, o governo brasileiro proliferou encontros com a cúpula da OCDE para encontrar formas de fazer avançar seu processo de entrada no organismo internacional e considerado como “o clube dos países desenvolvidos”.
Mas, ainda que a secretaria da entidade seja favorável à chegada do Brasil, o voto americano tem impedido que o processo ganhe força. Em janeiro, em Davos, Temer aproveitou suas reuniões bilaterais para tratar do caso com o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria. O diplomata, porém, sugeriu que o governo brasileiro se aproximasse de membros da administração americana para os convencer dos pontos positivos da adesão do Brasil.
Nos meses que se seguiram, foi exatamente isso que o Brasil fez. Entre os dias 26 e 27 de março, o representante da Casa Civil, Marcelo Guaranys, esteve em Washington para alguns desses encontros, cujo teor foi colocado em um telegrama da chancelaria no dia 3 de abril.
A posição do governo brasileiro, nos encontros mantidos nas últimas semanas com os americanos, era de que era importante que o processo de adesão do Brasil à OCDE fosse iniciado ainda sob a gestão do presidente Michel Temer.
Um dos efeitos explicados aos americanos, segundo o telegrama de 3 de abril obtidos pelo Estado, seria a capacidade de o processo na OCDE consolidar o andamento das reformas regulatórias promovidas por Temer. De uma certa forma, a adesão à entidade internacional que coloca tais reformas como critérios ajudaria a “lock-in” o rumo que o governo gostaria de dar para a economia.
O governo brasileiro também insistiu que não via um obstáculo que seu processo de adesão ocorresse de forma simultânea a da Argentina, já que nos últimos anos teria avançado na adesão de diversos instrumentos da organização com sede em Paris, mesmo não sendo um membro-permanente.
Apesar do discurso do governo, o que representantes do Palácio do Planalto ouviram da Casa Branca não foi positivo.
Num dos documentos obtidos pela reportagem, a diplomacia nacional indica que Loomis teria elogiado o “processo de reformas atualmente implementado pelo Brasil”. Mas “indicou que, na visão norte-americana, a OCDE deveria aceitar poucos países por vez, levando em consideração os pedidos de diferentes regiões”.
Eleitoral: Mas foram os pontos da política doméstica que também pesaram. “Faltaria no Brasil 'consenso claro sobre as reformas', especialmente por meio de "respaldo eleitoral" - algo que pôde ser verificado na Argentina nas últimas eleições presidenciais e legislativas”, destacou o texto.
O documento ainda deixa claro que o representante de Mike Pence foi explícito em indicar que a Argentina já estaria um passo adiante. “(Loomis) grifou, ademais, que o presidente Donald Trump já anunciou seu apoio à Argentina - o que é determinante para a definição, por parte do governo dos EUA, de quais seriam os países prioritários para o início imediato das tratativas de acessão”, completou.
Em uma nota ao Estado, a Casa Civil confirmou a existência do encontro no dia 26 de março. Mas ponderou a posição americana. “Cada órgão americano transmite um conjunto de informações, mas nenhuma seria impeditiva do ingresso do Brasil”, disse.
“Na reunião com a assessoria do vice-presidente norte-americano, foi informado que os EUA apoiam o Brasil, mas estão preocupados com a concentração de esforços da OCDE na análise da acessão de seis países ao mesmo tempo, razão pela qual entendem que seria necessário organizar um fluxo de análise”, explicou o governo.
“Neste caso, Argentina poderia ter precedência por ter solicitado ingresso antes e por ter tido apoio direto do presidente Donald Trump em conversa com o presidente Mauricio Macri”, confirmou a Casa Civil.
“Esta informação, no entanto, não reflete uma posição conclusiva do governo norte-americano ou da OCDE, uma vez que o assunto está sendo debatido nas reuniões mensais da Organização”, completou o governo Temer.
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