BRASIL ESTUDA SUPERCONTINENTE SUBMERSA NO ATLÂNTICO SUL.
#Supercontinente fica há 1,2 mil quilômetros da costa do Rio de Janeiro, fora, portanto, da jurisdição nacional, a região é alvo de forte interesse do Brasil desde 2009.
O navio de pesquisa hidroceanográfico Vital de Oliveira, da Marinha, partiu do porto de Itajaí, em Santa Catarina, para uma expedição de grande importância científica, econômica e estratégica para o País. A bordo, pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil – que ainda usa a sigla de sua antiga denominação, CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) –, acompanhados por cientistas de diversas instituições espalhadas pelo País, fazem a primeira campanha de estudos da Elevação do Rio Grande, no Atlântico Sul, desde que o Brasil assinou contrato para sua exploração por 15 anos com a Autoridade Internacional do Leito Marinho, organismo ligado à ONU responsável por regular atividades que envolvam o fundo dos oceanos em águas internacionais, em 2015.
Localizada a cerca de 1,2 mil quilômetros da costa do Rio de Janeiro, fora, portanto, da jurisdição nacional, a região é alvo de forte interesse do Brasil desde 2009. Pesquisas do CPRM em parceria com a Marinha mapearam o leito oceânico lá, revelando pela primeira vez as dimensões e a complexidade deste gigantesco “planalto” que se ergue no fundo do mar, lembram o oceanógrafo Ivo Pessanha, chefe da Divisão de Geologia Marinha do CPRM, e o pesquisador em geociências da instituição Eugênio Frazão, cientista-chefe da expedição. Assim, nos anos seguintes, várias outras expedições – inclusive uma em 2013 com cientistas japoneses na qual foi utilizado o minissubmarino tripulado Shinkai, capaz de chegar a 6,5 mil metros de profundidade – recolheram cerca de 20 toneladas de amostras de rochas, que revelaram um grande potencial de recursos minerais exploráveis na área, o que estimulou o pleito do Brasil junto à ISA, além de contarem uma história de sua formação muito diferente da que se pensava até então.
Atlântida Brasileira: Segundo Pessanha, achava-se que a Elevação do Rio Grande era um “platô oceânico” de origem vulcânica, mas as análises das pedras coletadas mostraram que elas tinham características de rochas do continente. Com isso, hoje acredita-se que ela na verdade é em grande parte uma porção do antigo supercontinente de Gondwana que acabou submersa no processo de separação da América do Sul e da África que “abriu” o Atlântico Sul a partir de cerca de 130 milhões de anos atrás. Isso lhe valeu o apelido de “Atlântida brasileira”, referência ao mítico Estado-ilha que teria dominado parte da África e Europa há milhares de anos. Se a elevação ainda estivesse acima da linha da água, algumas de suas “montanhas” seriam maiores que as mais altas do País, passando dos 3 mil metros.
Já Frazão explica que, depois que a elevação foi coberta pela água, a partir de cerca de 80 milhões de anos atrás, processos físico-químicos, em especial por volta de aproximadamente 30 milhões de anos atrás, levaram à formação de “crostas” ferromanganesíferas ricas em cobalto sobre o leito oceânico da região. Divididas em “lâminas”, como um compensado de madeira, com cerca de 10 centímetros de espessura, estas crostas também apresentam altas concentrações das chamadas “terras raras”, materiais muito usados em equipamentos de alta tecnologia e essenciais para sua fabricação, como telúrio, selênio, neodímio, índio, gálio, nióbio e tântalo, que tornam sua eventual exploração ainda mais relevante do ponto de vista econômico. Por fim, estas crostas estão “assentadas” sobre uma camada do leito marinho, chamada “substrato” pelos geólogos, formado por rochas ricas em fósforo, matéria-prima de fertilizantes fundamentais para o agronegócio e que o Brasil importa 70% do que usa.
Ainda que qualquer eventual atividade de mineração na Elevação do Rio Grande não esteja contemplada no contrato com a ISA, nem haja um arcabouço legal para tanto, o organismo exige um minucioso levantamento do meio ambiente na região para avaliar e mitigar seus possíveis impactos no futuro, bem como designar locais que por sua biodiversidade e/ou vulnerabilidade não devem ser “mexidos”. Esta primeira expedição do CPRM desde a assinatura tem como principal objetivo começar a montar o que os pesquisadores chamam “linha de base ambiental” das áreas outorgadas ao Brasil – 150 “blocos” de 20 km cada, num total de 3 mil km da área da elevação, de cerca de 490 mil km – e seu entorno.
“É um contrato de exploração no sentido de estudo, pesquisas para melhor conhecimento da região”, ressalta Pessanha. “É um modelo muito diferente do aplicado em terra, governado pelo princípio da precaução, em que a empresa com interesse econômico também tem que fazer a pesquisa de base para realmente delimitar as áreas que precisam e devem ser preservadas da ação humana.”
O navio de pesquisa hidroceanográfico Vital de Oliveira, da Marinha, partiu do porto de Itajaí, em Santa Catarina, para uma expedição de grande importância científica, econômica e estratégica para o País. A bordo, pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil – que ainda usa a sigla de sua antiga denominação, CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) –, acompanhados por cientistas de diversas instituições espalhadas pelo País, fazem a primeira campanha de estudos da Elevação do Rio Grande, no Atlântico Sul, desde que o Brasil assinou contrato para sua exploração por 15 anos com a Autoridade Internacional do Leito Marinho, organismo ligado à ONU responsável por regular atividades que envolvam o fundo dos oceanos em águas internacionais, em 2015.
Localizada a cerca de 1,2 mil quilômetros da costa do Rio de Janeiro, fora, portanto, da jurisdição nacional, a região é alvo de forte interesse do Brasil desde 2009. Pesquisas do CPRM em parceria com a Marinha mapearam o leito oceânico lá, revelando pela primeira vez as dimensões e a complexidade deste gigantesco “planalto” que se ergue no fundo do mar, lembram o oceanógrafo Ivo Pessanha, chefe da Divisão de Geologia Marinha do CPRM, e o pesquisador em geociências da instituição Eugênio Frazão, cientista-chefe da expedição. Assim, nos anos seguintes, várias outras expedições – inclusive uma em 2013 com cientistas japoneses na qual foi utilizado o minissubmarino tripulado Shinkai, capaz de chegar a 6,5 mil metros de profundidade – recolheram cerca de 20 toneladas de amostras de rochas, que revelaram um grande potencial de recursos minerais exploráveis na área, o que estimulou o pleito do Brasil junto à ISA, além de contarem uma história de sua formação muito diferente da que se pensava até então.
Atlântida Brasileira: Segundo Pessanha, achava-se que a Elevação do Rio Grande era um “platô oceânico” de origem vulcânica, mas as análises das pedras coletadas mostraram que elas tinham características de rochas do continente. Com isso, hoje acredita-se que ela na verdade é em grande parte uma porção do antigo supercontinente de Gondwana que acabou submersa no processo de separação da América do Sul e da África que “abriu” o Atlântico Sul a partir de cerca de 130 milhões de anos atrás. Isso lhe valeu o apelido de “Atlântida brasileira”, referência ao mítico Estado-ilha que teria dominado parte da África e Europa há milhares de anos. Se a elevação ainda estivesse acima da linha da água, algumas de suas “montanhas” seriam maiores que as mais altas do País, passando dos 3 mil metros.
Já Frazão explica que, depois que a elevação foi coberta pela água, a partir de cerca de 80 milhões de anos atrás, processos físico-químicos, em especial por volta de aproximadamente 30 milhões de anos atrás, levaram à formação de “crostas” ferromanganesíferas ricas em cobalto sobre o leito oceânico da região. Divididas em “lâminas”, como um compensado de madeira, com cerca de 10 centímetros de espessura, estas crostas também apresentam altas concentrações das chamadas “terras raras”, materiais muito usados em equipamentos de alta tecnologia e essenciais para sua fabricação, como telúrio, selênio, neodímio, índio, gálio, nióbio e tântalo, que tornam sua eventual exploração ainda mais relevante do ponto de vista econômico. Por fim, estas crostas estão “assentadas” sobre uma camada do leito marinho, chamada “substrato” pelos geólogos, formado por rochas ricas em fósforo, matéria-prima de fertilizantes fundamentais para o agronegócio e que o Brasil importa 70% do que usa.
Ainda que qualquer eventual atividade de mineração na Elevação do Rio Grande não esteja contemplada no contrato com a ISA, nem haja um arcabouço legal para tanto, o organismo exige um minucioso levantamento do meio ambiente na região para avaliar e mitigar seus possíveis impactos no futuro, bem como designar locais que por sua biodiversidade e/ou vulnerabilidade não devem ser “mexidos”. Esta primeira expedição do CPRM desde a assinatura tem como principal objetivo começar a montar o que os pesquisadores chamam “linha de base ambiental” das áreas outorgadas ao Brasil – 150 “blocos” de 20 km cada, num total de 3 mil km da área da elevação, de cerca de 490 mil km – e seu entorno.
“É um contrato de exploração no sentido de estudo, pesquisas para melhor conhecimento da região”, ressalta Pessanha. “É um modelo muito diferente do aplicado em terra, governado pelo princípio da precaução, em que a empresa com interesse econômico também tem que fazer a pesquisa de base para realmente delimitar as áreas que precisam e devem ser preservadas da ação humana.”
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