GIRO DA NOTÍCIA

HOMOFOBIA É A PRINCIPAL CAUSA DA MORTE DE JOVEM NA PAULISTA - SUSPEITO FOI PRESO PELA POLÍCIA.

#Jovem morto foi esfaqueado por um grupo de rapazes após insultos homofóbicos.


Um cabeleireiro gay de 30 anos foi ofendido, esfaqueado e morto por pelo menos dois homens ainda não identificados na noite de sexta-feira (21), na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Eles fugiram após o crime.

Para a família da vítima, Plínio Henrique de Almeida Lima foi vítima de homofobia. A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil no 78º Distrito Policial (DP), Jardins. A delegacia busca câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação de suspeitos do crime.

Segundo parentes de Plínio contaram neste sábado (22) ao G1, o cabeleireiro e o marido dele voltavam do Parque do Ibirapuera com mais um casal de amigos gays.

“Ele era negro, do candomblé e gay”, disse Felipe Almeida Lima, de 32 anos, sobre o irmão Plínio. “Estava feliz porque tinha se casado recentemente no cartório com o marido e planejavam adotar uma criança.”

O crime: Segundo o registro policial, os quatro amigos estavam caminhando quando foram ofendidos por outros dois homens, no cruzamento das avenidas Brigadeiro Luís Antonio e Paulista.

O registro policial, no entanto, não informa quais ofensas foram feitas pela dupla ao grupo. Apesar disso, familiares de Plínio relatam que "as ofensas foram homofóbicas".

"Agora não sei dizer exatamente quais são, porque não voltei a falar com meu cunhado, mas ele me contou que os ofenderam porque estavam de mãos dadas”, disse Felipe.

Mas, segundo o boletim de ocorrência, consta que um dos amigos de Plínio se irritou e discutiu com os rapazes, agredindo um deles.

Ainda segundo a polícia, na confusão, o rapaz que foi agredido pegou uma faca e agrediu Plínio no peito. Em seguida, o agressor e o comparsa fugiram, segundo informou a comunicação da Polícia Militar (PM).

O cabeleireiro foi socorrido e levado ao Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, onde não resistiu ao ferimento e morreu. Familiares aguardam a liberação do corpo para enterrá-lo em Cajamar, na Grande São Paulo.

Além de trabalhar em casa como cabeleireiro, Plínio complementava a renda fazendo serviços como auxiliar de cozinha e garçom em restaurantes.

Polícia divulga imagens: A Polícia Civil prendeu um homem suspeito de ofender, esfaquear e matar o cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima, de 30 anos, na última sexta-feira (21), na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Segundo a investigação, o cozinheiro Fúvio Rodrigues de Matos, de 32 anos, confessou o crime, alegando que agiu em legítima defesa, mas negou que a motivação tenha sido homofobia. A vítima era gay.

Câmeras de segurança de ruas próximas e do Metrô, que gravaram parte da confusão e a fuga do assassino, ajudaram a polícia a localizar e prender o auxiliar de cozinha nesta terça-feira (25). Elas, porém, não registraram o momento da facada (veja no vídeo acima).

Fúvio foi reconhecido pelas testemunhas do caso, outros três homossexuais que estavam com a vítima, como o homem que esfaqueou Plínio. Segundo o marido de Plínio e um casal de amigos gays deles contaram à polícia, antes de atacar o cabeleireiro com um canivete, o agressor havia ameaçado o grupo, dizendo que "gays têm de morrer".

O G1 não conseguiu falar com o investigado ou com sua defesa para comentar o assunto.

Em entrevista nesta quarta-feira (26) ao Bom Dia SP, o delegado Hamilton Costa Benfica, do 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins, disse que Fúvio alegou que golpeou o peito de Plínio com um canivete para se defender dele e de outros três amigos após uma confusão causada por uma brincadeira.

Antes, ainda de acordo com a polícia, o auxiliar de cozinha falou que caminhava com um amigo pela Avenida Brigadeiro Luis Antonio em direção à Paulista, e que fez uma brincadeira com o colega quando começou a chover, dizendo "anda que nem homem", mas os rapazes, que estavam perto, se ofenderam e partiram para cima dele.

'Anda que nem homem'

"Ele [Fúvio] confessa o crime, mas, segundo ele, fala que foi se defender. Ele está dando a versão que foi se defender dos quatro rapazes e desferiu o golpe com o canivete. Ele nega a motivação homofóbica. Segundo ele, subia com um colega de trabalho a Brigadeiro, fez uma brincadeira quando uma pequena chuva começou, e disse 'anda que nem homem'", disse o delegado sobre o que contou ter ouvido do cozinheiro em seu interrogatório.

"Os rapazes que também subiam à Paulista, o casal homossexual, com outros dois colegas, eles teriam ouvido essa frase e começou um desentendimento", disse Hamilton. "Eles falam com muita clareza que o tempo todo Fúvio vinha falando frases de cunho homofóbico, provocando, falando frases bem fortes, tipo: 'seus bichinhas etc', e no final falou ainda: 'gays têm de morrer'. E foi o momento do entrevero entre as partes, e que Fúvio acabou desferindo com canivete, ferindo o peito da vítima".

Com Fúvio a investigação informou ter apreendido o canivete usado no assassinato do cabeleireiro. Segundo a polícia, o cozinheiro ainda contou que não queria confusão e se disse arrependido. Na delegacia, ele também teria dito que não sabia da morte de Plinio.

Apesar disso, a polícia pediu a prisão temporária do investigado à Justiça, que decretou que ele fique detido por 30 dias até o fim das investigações. Fúvio ainda deverá ser indiciado pelos policiais por homicídio qualificado por motivo fútil. Para a investigação, o cozinheiro matou o cabeleireiro após discussão motivada por homofobia.

"É um homicídio, no meu entender, de forma qualificada porque a questão homofóbica é o motivo fútil", disse o delegado. "Uma pena muito alta de 12 a 30 anos [em caso de condenação na Justiça], que é justificada por tirar a vida de uma pessoa por um fato tão banal".

Homofobia é a principal causa de morte da Paulista

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