GIRO DA NOTÍCIA

RECESSÃO E REPRESSÃO FECHA MAIOR JORNAL IMPRESSO DA VENEZUELA.

#El Nacional focará apenas na edição digital do jornal que atuou por 75 anos em Caracas.


Após 75 anos de circulação o diário venezuelano El Nacional anunciou nesta quinta-feira que dará fim a sua edição impressa e irá concentrar esforços em seu site. O jornal culpou a perseguição por parte do governo de Nicolás Maduro pela situação.

— Conseguiram silenciar as rádios e as televisões, e fizeram desaparecer os meios impressos independentes, transformando-os em plataformas para a internet. Éramos o último jornal nacional que ainda mantinha sua edição impressa — afirmou o jornalista Miguel Henrique Otero, executivo-chefe do El Nacional que está no exílio, ao diário espanhol ABC.

Na opinião de Otero, a repressão aos veículos de mídia livres completa o perfil de “uma ditadura pura e dura”, na qual não há divisão de poderes ou liberdade de expressão. O jornalista afirma que o chavismo tentou acabar com sua empresa por meio da agressão física dos chamados coletivos — grupos paramilitares ligados ao governo.

— Nós duramos mais que os outros porque contamos com a solidariedade de outros jornais latino-americanos para que continuássemos a imprimir o jornal, mas no fim não fomos capazes de resistir — lamentou Otero.

Em editorial publicado na edição de sexta-feira, a última no papel, o jornal garante que a suspensão da edição escrita não será “prolongada nem definitiva”. E promete “não abandonar o campo de batalha nem bater em retirada” e tampouco “jamais ceder espaço aos que desafiam e sepultam os direitos humanos nem muito menos aos que se dedicam a exportar rumo ao exílio um povo exausto, afogado em mentiras e promessas cruelmente imaginadas, a milhões de crianças e que se expropriou o futuro”.

Baque na liberdade de imprensa: Desde que Maduro chegou ao poder, em 2013, ao menos 40 jornais fecharam as portas no país, segundo dados do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa na Venezuela. A pressão sobre a mídia independente se estende também a outros meios: em 2017, a pressão do governo fechou 46 rádios e e três canais de TV.

Os observatórios de imprensa advertem que a liberdade dos meios de comunicação sofreu um baque durante o último ano, quando Maduro enfrentava protestos em meio a sua campanha de reeleição à Presidência do país. Em maio, ele ganhou a disputa, que foi boicotada pela oposição, e irá exercer o mandato por mais seis anos.

Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), a Venezuela caiu seis posições no índice que mede a liberdade de imprensa mundial. O país ocupa o 143º lugar entre os 180 analisados. A RSF cita casos de prisões arbitrárias de jornalistas, expulsão de repórteres estrangeiros e vários processos de difamação.

De acordo com o Instituto Imprensa e Sociedade Venezuela (IPYS, na sigla em espanhol), o regulador nacional de telecomunicações fechou 40 estações de rádio em 2017, citando irregularidades em suas licenças. As interdições dos meios de comunicação têm deixado a cobertura cada vez mais nas mãos dos veículos controlados pelo Estado, que domina rádio e televisão. A imprensa estatal cobre atividades oficiais de Maduro, ignorando, no entanto, problemas como os crescentes níveis de subnutrição e doenças.

El Nacional fecha as portas após 75 anos de trabalho na Venezuela

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