GIRO DA NOTÍCIA

APENAS 25% DAS OCUPAÇÕES FORAM VISTORIADAS EM SÃO PAULO 1 ANO DEPOIS DO DESABAMENTO DO PRÉDIO NO PAISSANDU.

#Defesa Civil Municipal mostram que logo após a tragédia do centro, foram visitados 75 imóveis, sendo 51 deles ocupados. Destes, 35 são prédios particulares e nestes casos e os outros 16 são públicos.



Nesta quarta-feira (1º) o incêndio e desabamento do edifício Wilson Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, na região central da cidade completa um ano. Neste período, apenas uma em cada quatro ocupações do município, consideradas em situação de risco, foi vistoriada.

Os dados são da própria Defesa Civil Municipal e mostram que logo após a tragédia do centro, foram visitados 75 imóveis, sendo 51 deles ocupados. Destes, 35 são prédios particulares e nestes casos e os outros 16 são públicos.

De acordo com o último balanço divulgado pelo Grupo de Mediação de Conflito, da Secretaria Municipal da Habitação, a cidade de São Paulo tinha, na época, 206 ocupações que abrigavam 45.872 famílias.

No caso das ocupações em imóveis privados, o município não pode intervir diretamente, mas disse em nota que busca solução para diminuição dos riscos junto aos proprietários e famílias.

"Para o restante das ocupações [16], ocorridas em imóveis públicos, o município tem proposta de intervenção em 11 deles para transformá-los em moradia popular ou equipamento público. Desde a criação do Grupo de Ação Permanente, quatro edifícios foram interditados e outros três foram desocupados por decisão judicial de reintegração de posse", informou a Prefeitura de São Paulo em nota oficial.

Para a membro do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP, Luciana Royer, o problema do deficit habitacional na cidade é grave, mas tem solução. Para ela é necessário emprego de recursos das três esferas: União, Estado e Prefeitura.

"A solução vai muito além. Inclui regularização, construção de novas unidades, urbanização de favelas, reforma de unidades e locação social. O que não é solução é retirar todas essas famílias sem dar alternativas para onde elas vão ficar", apontou.

A secretaria de Habitação de São Paulo informou que o deficit quantitativo, que se refere à necessidade de construção de novas moradias, está estimado em 474 mil domicílios, dos quais 368 mil se referem às necessidades das famílias com renda mensal bruta de até seis salários-mínimos.

Já o deficit qualitativo, referente à inadequação habitacional, que atinge famílias que não precisam de uma nova moradia, mas de obras de urbanização, correção de riscos, melhoria habitacional e regularização fundiária, abrange cerca de 830 mil domicílios.

"Tudo o que aconteceu um ano atrás expôs o problema das edificações em risco que estão ocupadas na cidade. Mas é lamentável que a situação pode até ter se agravado. Não acho que o poder público poderá punir ao invés de solucionar o problema. Porque essa questão é um problema social e tirar essas pessoas de onde elas construíram uma moradia e deixá-las sem alternativa é punir ainda mais essas pessoas que já estão à margem da sociedade", avaliou Luiz Kohara, urbanista e pesquisador que acompanha as ocupações no centro de São Paulo.

Apenas 25% das ocupações foram vistoriadas em SP

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