CEMITÉRIOS DE MANAUS TAMBÉM RECEBEM CAMINHÕES FRIGORIFICOS PARA COMPORTAR GRANDE NÚMERO DE MORTOS POR COVID-19.
#Vídeos que circulam na internet mostram carros funerários em filas nas ruas do cemitério e parentes de vítimas. Também é possível ver várias covas que foram abertas após o cemitério registrar o aumento de, aproximadamente 50%, na demanda.
Contêineres frigoríficos foram instalados no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus, para comportar a alta demanda de caixões que estão sendo enviados de hospitais públicos da capital, muitos de vítimas do novo coronavírus. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram filas de carros de funerárias aguardando para sepultamento de pessoas. Até esta segunda-feira (20), o Amazonas já registra 185 mortes em decorrência de Covid-19, com 2.160 casos confirmados da doença.
Na última sexta-feira (17), dezenas de covas haviam sido abertas no cemitério para atender o aumento na demanda provocado pelas mortes por Covid-19. A implantação de contêineres frigoríficos também foi uma medida adotada pelo Governo do Amazonas para comportar os corpos de vítimas de Covid-19 em hospitais de Manaus, após a repercussão de um vídeo que mostra corpos posicionados ao lado de pacientes internados no Hospital João Lúcio, na Zona Leste de Manaus.
A Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), responsável pela administração do cemitério, informou ao G1 que os contêineres frigoríficos serão usados para comportar os caixões que estão vindo dos hospitais públicos, a espera dos respectivos sepultamentos. "Isso foi feito para poder liberar os carros do S.O.S Funeral, em imediato, para atender com eficiência e rapidez às demandas", disse o órgão, por meio de assessoria de imprensa.
Os vídeos que circulam na internet mostram carros funerários em filas nas ruas do cemitério e parentes de vítimas. Também é possível ver várias covas que foram abertas após o cemitério registrar o aumento de, aproximadamente 50%, na demanda.
Uma vendedora de velas e flores, que trabalha na entrada do cemitério, informou ao G1 que a movimentação de pessoas tem sido intensa desde sexta-feira (17). "No começo do dia, no horário do almoço e início da tarde, ficam muitos carros aqui na frente para entrar. Não sei se todos são por coronavírus, mas a movimentação tem sido grande", disse a vendedora, que pediu para ter a identidade preservada.
O aposentado Antonio Pedro Da Gama Filho, de 58 anos, esteve no cemitério durante a tarde desta segunda-feira (20), para o enterro da sogra, Antonia Garcia Pereira, que morreu com suspeita do novo coronavírus. Ela, que tinha 73 anos, faleceu no domingo (19), mas apenas cinco parentes puderam entrar para o enterro.
"Eles só deixam entrar cinco parentes por cada enterro. Estão dizendo que tem muitas covas lá dentro. Os funcionários da funerária disseram que tem muitos carros lá dentro por tantas pessoas que estão sendo enterradas", disse.
Aumento de demanda em cemitério: A prefeitura informou ao G1 que o cemitério municipal passava por uma ampliação da área de sepultamento mesmo antes da pandemia causada pelo novo coronavírus. No entanto, a abertura das covas se deu à medida que o número de mortes no estado começou a crescer.
A estimativa de 50% a 60% no aumento da demanda é calculada em relação à média registrada nos últimos meses, e não comparado ao período no ano anterior, conforme explicado pela prefeitura. O número de covas que serão abertas neste período não foi divulgado.
No último dia 13, a Prefeitura de Manaus decidiu adotar medidas para impedir a aglomeração de pessoas em velórios e sepultamentos na cidade. O Decreto 4.801, publicado no Diário Oficial do Município (DOM), disciplina os velórios e sepultamentos para pessoas cujas mortes não foram provocadas pela Covid-19, entre elas a limitação de dez pessoas por velório e a redução para até 2h do tempo dessas cerimônias. Ao sepultamento, só está permitida a presença de, no máximo, cinco pessoas.
AM vive corrida para evitar colapso: Segundo dados do governo, quase 90% do leitos totais para pacientes com Covid-19 estão ocupados. Ao todo, o Amazonas possui 6.710 leitos, entre a rede pública e privada. Em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (16), o Governo do Amazonas admitiu que o sistema de saúde do estado já apresentava insuficiência da capacidade de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) antes da pandemia da Covid-19.
Segundo o estado, atualmente, o Amazonas possui 682 respiradores cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Desse número, 232 estão voltados para o atendimento de pacientes com Covid-19, sendo 66% disponíveis para a pandemia.
O Governo do Amazonas anunciou, na noite de sábado (18), novos reforços para o sistema de saúde do estado enfrentar a pandemia da doença. O estado recebeu insumos para 15 mil testes de Covid-19 e concluiu o processo seletivo para contratação de 704 profissionais de saúde.
Por conta do crescimento avançado de casos de contágio, além das mortes, o governo prorrogou o período de estado de calamidade pública no Amazonas por mais 180 dias. Outro decreto estadual também mantém paralisados, até o dia 30 de abril, os serviços não essenciais.
Após um impasse na Justiça, o Hospital de Retaguarda da Nilton Lins, alugado pelo Governo do Amazonas para atender pacientes de Covid-19, foi aberto na manhã de sábado (18). A unidade vai servir, assim como o Hospital Delphina Aziz, como referência para tratamentos de casos do novo coronavírus em todo o estado. O HPS Delphina Aziz já havia atingido a capacidade máxima operacional, conforme informou o governo no dia 10 deste mês.
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