PEÇA VAI CONTAR ROTINA DA FALIDA VILA DO SEXO DO ESTADO DE MISSISSIPI.
#Trama se desenrola na cidade de Chucalissa, com suas ruas maltratadas repletas de casas à venda e um comércio semimorto de postos de gasolina e lojas de conveniência.
Realizada por uma equipe totalmente feminina para tratar da vida dessas mulheres como sujeitos, e não objetos, "P-Valley" adentra os bastidores de um clube de dançarinas no delta do Mississipi, região pobre e com a maior presença de negros nos Estados Unidos. Ali, enreda sexo, drogas e dancehall, com pitadas de corrupção e religião e muita música.
Ao apresentar as histórias dessas mulheres, a série extrapola o movimento de seus corpos e traz para a trama maternidade, violência doméstica, exploração do trabalho e racismo, além dos conflitos morais e com familiares ligados ao tema do trabalho sexual.
A trama se desenrola na cidade de Chucalissa, com suas ruas maltratadas repletas de casas à venda e um comércio semimorto de postos de gasolina e lojas de conveniência.
Em meio a esses escombros, brilha a boate Pynk, dirigida por um cafetão que também é uma diva negra, sempre maquiada, de unhas pintadas e de perucas, e carinhosamente chamada pelas funcionárias de tio (Uncle Clifford, interpretado por Nicco Annan).
Na Pynk, dançarinas e bartenders, quase todas mulheres negras, se tratam apenas por "bitch" (vadia, em inglês), numa dinâmica que alterna sororidade e competição.
Neste chave, brilham a veterana Mercedes (Brandee Evans), estrela de acrobáticas performances de pole dance, e a novata Autumn (Elarica Johnson), que encontra na Pynk o refúgio de um passado misterioso de trauma e abusos.
A relação entre as duas, uma preta e uma parda de pele clara, também introduz o debate sobre a política do colorismo, que identifica negros de pele mais escura como maiores alvos de discriminações.
O pano de fundo são as negociações pouco republicanas de investidores brancos interessados em criar um cassino numa área que inclui a boate.
Não é de hoje que trabalhadoras do sexo elaboraram seu ganha-pão num discurso feminista de emancipação. O mesmo se deu com a chamada pole dance, uma combinação sensual de dança e esporte que virou sinônimo de confiança, autoestima e aceitação por parte das que a praticam.
Por outro lado, também não é de hoje que estes discursos são contraposto por feministas de correntes ditas radicais, que só enxergam exploração patriarcal nessas práticas.
Para este debate, "P-Valley" apenas acrescenta mais lenha na fogueira: as dançarinas são vulneráveis mesmo quando se mostram empoderadas, algumas parecem comandar seu destino, outras se submetem a ele, sem alternativa aparente.
Para além deste debate, a série seduz com várias linhas narrativas, com a combinação de liberdade sexual em contextos de comunidades religiosas e com os shows incendiários das dançarinas da Pynk.
Impossível não admirar seus corpos em contorcionismos, requebras e gingas, em cenas nos quais parece sentirmos o cheiro de seu suor e a chuva de notas de um dólar que caem sobre eles.P-VALLEY
Fonte/: Notícias ao Minuto
Texto/: Folha Press
Produção/: Folha Press
Replica/: Portal CNI
Imagem/: Foto Reprodução
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