GIRO DA NOTÍCIA

CANDIDATOS CRITICAM PENSAMENTO DE BOLSONARO NO ÚLTIMO DEBATE ELEITORAL NA TV.

#Candidatos criticaram a ausência de candidato que preferiu dar entrevista a TV Record.


Os candidatos à presidência da República que participaram do último debate antes da votação, realizado pela TV Globo na noite desta quinta (4), foram unânimes em criticar a ausência do também candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), que não foi ao embate alegando estar em recuperação médica, após o ataque a facada que sofreu no dia 6 de setembro. Simultaneamente, no entanto, foi ao ar uma entrevista individual que o presidenciável, líder das pesquisas de intenções de voto, deu à emissora concorrente no mesmo dia, a TV Record. As duras críticas dos adversários, que já haviam sido ditas durante o próprio debate, foram reforçadas em suas coletivas de imprensa, na madrugada desta sexta (5).

O candidato Ciro Gomes (PDT), o primeiro a falar com jornalistas, disse ainda acreditar que os brasileiros vão votar contra Bolsonaro, a quem se referiu como "espertalhão" que "nunca administrou um botequim".

"A democracia é um regime de cidadania. Se o cidadão acha que um candidato que é favorito na pesquisa pode fazer uma entrevista por oportunismo numa outra rede de televisão, esta por sua vez propriedade de uma igreja evangélica, na hora do debate... O povo brasileiro decide. Acredito na força do povo brasileiro [...] Quem faz esse tipo de coisa simplesmente não respeita regra nenhuma, é um espertalhão. E é isso que o Brasil aguenta? Um espertalhão que nunca administrou um botequim dos pequenos? [...] É flagrante que o Bolsonaro é um fascista", afirma Ciro.

O segundo a falar na sala de imprensa foi Geraldo Alckmin (PSDB). Ele também comentou a ausência de Bolsonaro do debate e disse que suas propostas são "desconhecidas", uma vez que ele não foi discuti-las.

"Uma coisa é a solidariedade a alguém que foi vítima de um atentado covarde. Outra coisa é escolher presidente da república. Nós precisamos saber o que a pessoa pensa, o que propõe, quais são os projetos. É uma coisa totalmente desconhecida e contraditória, esse é o fato", comentou Alckmin.

Álvaro Dias (Podemos), por sua vez, o terceiro a falar, foi questionado sobre o porquê de ter poupado Bolsonaro das críticas durante o debate em si e se a estratégia teria relação com um possível apoio ao candidato do PSL no 2º turno. O candidato, então, foi mais incisivo, chamando o rival de "fantasma".

"Ele foi poupado porque não apareceu. Eu não vou atacar fantasmas. Aliás, tem muita gente com medo de fantasmas. O fantasma da extrema esquerda, o fantasma da extrema direita. E esquecem os seres humanos que estão ao centro. Inclusive parte da mídia nacional, que falam 24 horas por dia sobre fantasmas da extrema esquerda e da extrema esquerda e não falam que existe inteligência ao centro, existe um caminho ao centro. Porque não é para a direita que se caminha, não é para a esquerda que se caminha. É para frente que se caminha, na construção do futuro do nosso país", sentenciou.

Guilherme Boulos (PSOL) foi o que mais duramente atacou Bolsonaro, afirmando que ele representa o "perigo do fascismo". Durante o debate em si, o candidato chamou atenção ao fazer um longo discurso sobre o risco de um retorno da ditadura militar no Brasil.

"Bolsonaro será derrotado. Cresceu dentro da margem de erro nessa última pesquisa. O debate vai ser feito. Ele não tem como fugir do debate a vida toda. Ele não tem como, indo para o 2º turno, amarelar durante 25 dias, que nem amarelou hoje. Ele vai ter que se expor. E quanto mais ele se expõe, mais ele mostra quem ele é. Ele é o atraso", afirmou o candidato do PSOL.

Em briga direta com Bolsonaro, de acordo com as pesquisas, Fernando Haddad (PT) também citou o candidato do PSL em sua entrevista coletiva. Disse que o rival adota o discurso de voto útil para se eleger ainda no 1º turno porque sabe que sua candidatura não se sustentaria num eventual 2º turno, uma vez que é "vazia de conteúdo".

"Ele não tem condição de sustentar um 2º turno, porque ele não vai conseguir se esconder atrás desse incidente até o fim do 2º turno. Ele precisa desesperadamente de uma solução que me parece improvável a essa altura. Mas é uma necessidade da candidatura dele, que é vazia de conteúdo, de propostas", disse o petista.

Henrique Meirelles (PMDB) também comentou a ausência de Bolsonaro, que considerou "lamentável", indicando que o rival "se escondeu atrás de um diagnóstico".

"Isso deve ser punido pelo eleitor, porque não é possível um candidato que diz que tem problema de saúde para comparecer a um debate, em que ele tem que se comparar com os demais candidatos, na mesma hora vai dar uma entrevista numa outra televisão, onde está num ambiente amigável, que não vai ser questionado. Aqui, não. Nós tivemos questionamentos, confrontos. Tivemos todos os candidatos procurando não só colocar suas propostas, mas também questionar o que os demais estavam colocando. Tenho certeza que isso o eleitor não vai aceitar e isso vai se refletir na eleição", afirmou Meirelles.

Marina Silva (Rede) já havia criticado Bolsonaro durante o debate: "iria fazer a pergunta ao candidato Jair Bolsonaro, que mais uma vez amarelou, deu uma entrevista para a Record e não está aqui debatendo conosco", diz ela, ao vivo. Em sua coletiva, focou mais em criticar a polarização entre Bolsonaro e PT, se apresentando como uma solução para os indecisos.

"Fiz críticas às duas candidaturas que estão polarizando nessas eleições. E fiz críticas mostrando que a população brasileira está diante de uma situação dramática: 25% votando porque têm medo de Bolsonaro; 25% votando porque têm medo do Haddad; e 50% não quer nenhum dos dois. Por isso, sou a candidata da esperança, que pode unir o Brasil", discursou Marina.

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