GIRO DA NOTÍCIA

MAIORIA DOS RIOS URBANOS SÃO RUIM OU PÉSSIMO.

#SOS Mata Atlântica, divulgado em março de 2018, o monitoramento de 12 pontos de coleta dos rios urbanos do município, entre março de 2017 e fevereiro de 2018, revelou que a capital carioca tem os piores indicadores de qualidade da água dos 17 Estados da Mata Atlântica.


A qualidade da água dos rios urbanos da cidade do Rio de Janeiro mostram resultados preocupantes. Os dados do Inea (Instituto Estadual do Meio Ambiente) e do SOS Mata Atlântica, que fazem o monitoramento regular desses rios, provam que a maioria deles está em estado ruim ou muito ruim.

Segundo o último relatório da SOS Mata Atlântica, divulgado em março de 2018, o monitoramento de 12 pontos de coleta dos rios urbanos do município, entre março de 2017 e fevereiro de 2018, revelou que a capital carioca tem os piores indicadores de qualidade da água dos 17 Estados da Mata Atlântica. Os próximos dados serão divulgados em março, durante a celebração do Dia da Água.

"A análise comparativa aponta que a condição ambiental dos rios urbanos monitorados piorou neste ciclo em relação ao anterior. Essa constatação é resultado da média dos indicadores obtidos em 7 pontos de coleta, distribuídos nos rios Pavuna, Joana, Cabuçu, das Pedras, Tijuca, Catarino e Cascata", afirma o documento. "Os índices de qualidade ruim saltaram de 28,6% para 57,1% e os pontos com qualidade regular caíram de 71,4% para 42,9%", afirma.

As coletas e análises mensais da qualidade da água nos 17 Estados da Mata Atlântica foram feitas por 247 grupos de monitoramento que reúnem, de forma direta, 3.500 voluntários que integram o projeto Observando os Rios, com acompanhamento e supervisão da equipe técnica da Fundação SOS Mata Atlântica.

O Inea informou, em nota ao Destak, que executa o monitoramento sistemático da qualidade das águas dos rios e canais do Estado do Rio e "segue um planejamento periódico, com campanha de amostragem trimestrais". Segundo o mapa do Instituto, a cidade do Rio fica entre duas regiões hidrográficas: Baía de Guanabara e Guandu.

Após análise dos últimos boletins divulgados, a conclusão é que os rios da cidade da região da Baía de Guanabara estavam, em janeiro de 2018, em estado ruim ou muito ruim. Os rios da Região Hidrográgica II – Guandu, em novembro de 2018, também apresentavam o mesmo resultado. Apenas o Canal de São Franciso apresentou resultado médio no período. Segundo o documento, a ausência de alguns resultados ocorre, porque o índice não pode ser aplicado quando pelo menos um dos nove parâmetros não está disponível.

Em nota ao Destak, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) informou que não é reponsável pela gestão e fiscalização de corpos hídricos nem pelas galerias de águas pluviais. "Sempre que solicitada, a Companhia presta apoio técnico em ações para verificar possíveis ligações clandestinas", afirma.

"Cabe informar que a Cedae também vem executando o projeto Esgoto na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), no qual equipes percorrem imóveis para vistoriar as conexões de esgotamento sanitário a fim de identificar se há irregularidades e instruir o proprietário a realizar a ligação correta na rede formal", diz a nota.

Segundo a companhia, mais de 2 mil fiscalizações já foram realizadas e mais de 500 regularizações efetuadas. "Com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população e ajudar na recuperação de corpos hídricos, como rios, canais e lagoas, o projeto vem sendo executado atualmente na região das bacias hidrográficas dos rios Sangrador e São Francisco", conclui.

A Fundação Rio-Águas, por sua vez, explicou que gere e supervisiona as atividades referentes ao manejo de águas pluviais, à prevenção e controle de enchentes e ao saneamento da cidade. Em nota, esclareceu que não faz o monitoramento da qualidade das águas dos rios. "No trabalho de controle de enchentes, a fundação realiza a manutenção dos corpos hídricos do município, por meio de serviços de conservação e desobstrução de canais e rios", concluiu.

O que os especialistas dizem: Segundo Antônio da Hora, professor titular de recursos hídricos da Escola de Engenharia da UFF (Universidade Federal Fluminense), a falta de saneamento básico é a grande questão. "O principal problema dos rios urbanos é falta de saneamento, portanto, esgoto lançado e lixo (resíduos sólidos) não recolhido ou aquele que a própria população lança. Alguns outros problemas são pontuais como, mais na Baixada, a parte de dragagem, de reposicionar ou de reconstituir a calha [onde o rio corre] original para reduzir os impactos de enchentes".

Na cidade, há exemplos de rios urbanos abertos e canalizados. Questionado sobre qual a melhor forma de gestão, o professor explicou que isso depende de cada rio. "Isso é caso a caso, depende do que a sociedade vai poder utilizar melhor. O famoso Rio Carioca, que abastecia a Corte, tem mais de 95% dele canalizado. Não faz sentido fazer ele aberto, por exemplo", explica.

Segundo Cristovão Duarte, coordenador do Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística da Faculdade de Aquitetura e Urbanismo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a questão dos rios é apenas um dos inúmeros problemas da sustentabilidade nas cidades. "O rio urbano é um aspecto de um problema maior que é a sustentabilidade da cidade, a sobrevivência das sociedades humanas", afirma.

"A gente caminha numa trajetória suicida. Então, o que a gente faz com os nossos rios é abreviar o tempo de sobrevivência da espécie no planeta. Nós estamos criando locais não para que as pessoas possam viver juntas e possam viver melhor, estamos construindo cidades que se tornaram ameaças à própria sobrevivência da espécie", explica.

Para ele, é necessário copiar as soluções de outros locais e adaptá-las para nossa realidade. "O modelo da cidade ocidental está baseado na submissão da natureza. Nesse sentido, as nossas cidades também copiaram erros que foram cometidos em outros lugares, lugares esses que já estão tentando corrigir o rumo. A gente precisa, então, aprender a copiar as soluções boas que estão aparecendo, porque existem rios que estão sendo sendo despoluídos e recuperados, além de adaptar as soluções para a nossa realidade", completa.

Com o título de Capital Mundial da Arquitetura, a cidade do Rio ainda parece ter um grande desafio pela frente para se tornar mais sustentável. Os rios urbanos, que deveriam embelezar as paisagens, ainda são tratados como valões a céu aberto.


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