GIRO DA NOTÍCIA

LIVRO COM TEMÁTICA LGBT+ É CENSURADO EM EDITAL DO GOVERNO CATARINENSE.

#Projeto Tateia previa a impressão de 200 exemplares, em tinta e em braile. Foi analisado por três avaliadores diferentes, como prevê a Comissão Autônoma de Seleção (CAS) do Prêmio Elisabete Anderle.






O projeto do livro Tateia, da escritora Paula Chiodo, foi vetado na categoria Letras/Literatura do Prêmio Elisabete Anderle, da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). A obra, uma coletânea de microcontos que trata do amor entre duas mulheres, teve análises conflitantes entre os avaliadores. Recebeu de um deles a nota máxima. De outro, nota zero – acompanhada de uma avaliação depreciativa.

O relatório do avaliador fala da temática LGBT: “Promoção imatura de um ufanismo identitário, o projeto mostra não ser um fim em si mesmo, mas sim um instrumento de sustentação dos objetivos sociais dos proponentes. Não vale o investimento de 40 mil reais”.

O projeto Tateia previa a impressão de 200 exemplares, em tinta e em braile. Foi analisado por três avaliadores diferentes, como prevê a Comissão Autônoma de Seleção (CAS) do Prêmio Elisabete Anderle.

A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) explicou que os avaliadores são indicados pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), entre profissionais reconhecidos em suas respectivas áreas de atuação e residentes fora do Estado. A Fundação afirma não interferir ou questionar as decisões dos jurados. 


Análise independente: Sobre o teor da avaliação, a FCC afirma que os jurados são independentes. “Sendo assim, é possível que um mesmo projeto seja descrito positivamente por um ou mais avaliadores, mas negativamente por outro, como foi o caso do livro mencionado, avaliado positivamente por um membro da Comissão Autônoma de Seleção (CAS) e negativamente por dois, daí a desclassificação”.

A avaliação de nota máxima ressalta que o livro contempla mulheres, lésbicas e cegas em uma só obra, destaca a qualidade de texto e ilustração "para além do recorte pouco visibilizado do afeto entre duas mulheres". "Em tempos de recrudescimento dos conservadorismos, assustadora perseguição à cultura, parece uma iniciativa importantíssima de se apoiar nos editais".

A FCC alega que o terceiro avaliador pontuou o projeto com notas 2 e 3, e afirmou que a "qualidade dos textos deixou a desejar". “Não cabe, então, dizer que houve veto, uma vez que os avaliadores não vetam, mas apenas avaliam os projetos, e o resultado final é a média dessas avaliações”, alega a Fundação. 

Recurso: O projeto Tateia – que além da escritora Paula Chiodo conta com a produtora Ana Paula Mendes, a coordenadora editorial de Gabi Bresola e Wanda Gomes, responsável pela impressão – entrou com recurso administrativo questionando a nota zero, já que o edital previa notas de 1 a 5.

À NSC, a Fundação Catarinense de Cultura informou que quando a Comissão de Organização e Acompanhamento do Edital percebeu o equívoco do avaliador passou a considerar a pontuação como 1, que é a mínima possível. “Vale destacar que outros avaliadores cometeram o mesmo equivoco em outros projetos”, informou.

Para Paula Chiodo, a avaliação não foi isenta: - Sinto que não houve uma avaliação profissional. Ninguém é obrigado a gostar do que escrevo, mas a partir do momento que você é jurado, precisa avaliar tecnicamente conteúdo e proposta. E isso não aconteceu.

O projeto Tateia concorre no prêmio Rumos, promovido pelo Itaú. O resultado sai no ano que vem.

Livreo LGBT+ é censurado em SC

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