MENDIGOS RECEBEM MARMITAS NO CENTRO DE SÃO PAULO DURANTE O FRIO DA MADRUGADA.

#Prefeitura de São Paulo ainda não tirou do papel o projeto para abrigar prioritariamente moradores de rua idosos em hotéis durante a pandemia do novo coronavírus. Esse público, pelos dados da gestão municipal, é de 3.164 pessoas.





A cidade de São Paulo iniciou esta semana com recorde de frio no ano, com média de temperatura mínima em 9,8ºC, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura de São Paulo. Uma dificuldade a mais aos cerca de 24 mil moradores de rua da Capital (pelos número oficiais), que ainda estão expostos diariamente ao risco da contaminação pela Covid-19.

Nesse cenário, a Prefeitura de São Paulo ainda não tirou do papel o projeto para abrigar prioritariamente moradores de rua idosos em hotéis durante a pandemia do novo coronavírus. Esse público, pelos dados da gestão municipal, é de 3.164 pessoas.

A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social publicou o edital para o oferecimento de vagas em hotéis a esse público no dia 4 de maio. Depois, por diversas razões – entre elas os feriados antecipados pela prefeitura –, foi sendo adiado o prazo para os hotéis interessados se manifestarem. A prefeitura informou que dia 1º de junho acontecerá uma sessão pública para tratar do projeto. Até lá, há a previsão de temperaturas abaixo de 11ºC em todos os dias na cidade.

Segundo o artista visual Átila Fragozo, que desde 2016 atua no coletivo Craco Resiste, um grupo que trabalha na redução de danos e criação de vínculos com os frequentadores da cracolância, na região central de São Paulo, o poder público tem um atuação pífia para atender os moradores de rua.

“O Doria [governador João Doria] fechou o Programa De Braços Abertos. Agora Covas [prefeito Bruno Covas] ainda fechou o Atende 2. A gente tem na cracolândia, na verdade, um fechamento de equipamentos em vez de uma atuação mais efetiva e de saúde. O tratamento dado à cracolândia é de segurança pública, e não de saúde, trabalho, direitos humanos e várias outras coisas que são necessárias para essas pessoas”, explica.

Ele diz que a única atitude que a prefeitura realizou desde o início da pandemia foi a instalação de alguns poucos bebedouros na região. “O acesso à água à população de rua é algo que pedimos desde que estou na militância, como bebedouro, banheiro e pontos para tomar banho. Houve a instalação de alguns bebedouros, mas não tem nenhuma política fora do papel para os usuários. Nenhuma”. Segundo ele, as ações policiais violentas permanecem frequentes na região. “O tratamento que a prefeitura tem dado é bomba, bala de borracha e cassetete”.

As ações desse e de outros coletivos que atuam na região neste momento de temperaturas baixas, explica Átila, é o de atenuar o frio aos moradores em situação de rua. Para isso, o grupo intensificou a doação de marmitas e iniciou a coleta de cobertores para distribuir aos frequentadores da cracolândia.

As pessoas podem doar cobertor direto no Teatro do Contêiner Mungunzá (rua dos Gusmões, 43, no centro), das 10h às 14h, ou pela internet, pelo link bit.ly/2TKnrzZ.

OUTRO LADO. 
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), da Prefeitura de São Paulo, confirmou que a sessão pública para a utilização de hotéis a moradores de rua foi alterada para a próxima segunda-feira (1º). A pasta também informou ter criado oito novos equipamentos emergenciais, com funcionamento 24h, para acolhimento de pessoas em situação de rua, totalizando 680 novas vagas.

De acordo com a pasta, no período frio “são intensificados na rede de abordagem e atendimento à população em situação de rua. As equipes de orientadores socioeducativos oferecem encaminhamentos e acolhimentos à rede socioassistencial”, diz a secretaria, em nota.

Desde o início da operação, ainda segundo a secretaria, foram efetuados 1.390 acolhimentos nas madrugadas atendidas pela Coordenação de Pronto Atendimento Social (CPAS), com 188 recusas, e 862 cobertores foram distribuídos. Na madrugada da última terça-feira (26) 100 pessoas foram acolhidas, houve 10 recusas e foram distribuídos 59 cobertores.

De acordo com a gestão municipal, houve 22 mortes de pessoas em situação de rua na cidade desde o início da pandemia por decorrência da Covid-19.

CONSULTÓRIO DE RUA. 
O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, em entrevista exclusiva à Gazeta na semana passada, destacou que o programa Consultório de Rua tem realizado um papel importante para amenizar os danos à população de rua.

O Consultório de Rua é um programa de saúde com busca ativa a moradores em situação de rua e encaminhamento a unidades de saúde em caso de necessidade. O secretário também afirmou que foram distribuídos, até agora, 20 mil kits de higiene pessoal.

Além disso, ele também destacou a importância dos centros de acolhida espalhados pela Capital. “Há equipamentos só para mulheres e crianças e outro para homens, em um trabalho conjunto entre as secretarias da Saúde, da Assistência Social e dos Direitos Humanos”.

Fonte/: Gazeta de São Paulo
Texto/: Gazeta de São Paulo
Replica/: Portal CNI
Imagem/: Foto Reprodução

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